Durante o governo de Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro havia sido acusado publicamente por um ex-ministro do Planalto de ter tentado montar uma “Abin paralela”. Nesta segunda-feira (29/1), Carlos é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) contra supostos monitoramentos ilegais feitos contra pessoas consideradas adversárias dos Bolsonaro. A PF suspeita que Carlos Bolsonaro e aliados tenham recebido informações de inteligência obtidas ilegalmente. A operação é um desdobramento do cumprimento de mandados de busca na última quinta-feira (25/1) contra o ex-chefe da Abin na gestão Bolsonaro e atual deputado federal Alexandre Ramagem, que também é delegado da PF. Ramagem e Carlos Bolsonaro são amigos.
Em 2 de março de 2020, Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro, afirmou em entrevista ao programa Roda Viva:“Um belo dia o Carlos me aparece com um nome de um delegado federal e de três agentes que seriam uma Abin paralela, porque ele não confiava na Abin. O general Heleno [então ministro do GSI, a quem a Abin é subordinada] foi chamado, ficou preocupado com aquilo, mas Heleno não é de confronto. A conversa acabou comigo e com o Santos Cruz [então ministro da Secretaria de Governo]. Aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo de maneira alguma. Muito pior que o gabinete de ódio, aquilo também seria motivo para impeachment. Depois eu saí, não sei se isso foi instalado ou não”.
Na ocasião, Bebianno se recusou a dizer o nome do delegado da PF envolvido na ação de Carlos Bolsonaro. Ex-coordenador da campanha de Bolsonaro à Presidência, Bebianno foi ministro do Planalto de janeiro a fevereiro de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro. Doze dias depois dessa entrevista, Bebianno morreu de um infarto. Gustavo Bebianno se referiu ao general Alberto Santos Cruz, outro que se opôs à iniciativa de Carlos e também foi demitido por pressão do vereador. Santos Cruz ficou seis meses no governo.