“Quanto éãn? Caaaroo....”
Foi com essa ginga carioca que a portuguesa Layla Zamorano, de 25 anos, viralizou e agora compartilha com milhares de seguidores suas descobertas no Rio de Janeiro e as intermináveis diferenças no idioma.
Com um carregado sotaque lisboeta, Layla conversou com o g1. A jovem de 25 anos é filha de uma carioca e se formou em marketing de moda. Resolveu passar uns tempos no Rio justamente para conhecer de perto o que a mãe viveu.
“Sempre tive acesso à cultura brasileira, não só pela minha família, mas porque Portugal se assemelha muito com o Brasil, tem muita influência cultural. Eu já tinha grande apreciação e amor pelo país e sempre quis passar uma temporada aqui. Este ano me decidi mudar para cá. Cheguei em maio, estou há um mês aqui”, contou.
Layla na Mureta da Urca — Foto: Reprodução
Layla explicou que foi vítima do “preço diferenciado” quando esteve aqui como turista.
“Minha família veio de férias. Uma vez, na praia, cobraram um preço para mim e para minha irmã. No dia seguinte, minha mãe foi na praia e cobraram outro preço [menor]. A gente ficou assim: ‘Como assim o preço mudou?’”, lembrou.
“Não é só no Rio que turista paga mais caro, é geral no mundo inteiro, mas minha mãe sempre me ensinou que no Rio gringo paga mais caro”, afirmou.
“Eu tenho tido feedbacks de pessoas do Brasil, mas que não são do Rio, e elas também fingem ser cariocas para pagar mais barato. É meio que universal”, emendou.
Até que na última segunda-feira (15) Layla postou nas suas redes sua imitação perfeita da manemolência carioca na hora de pechinchar.
“O processo de aprender foi bem natural, vi como falavam aqui, lá a gente já consome muito pela televisão, TikTok, internet. Muitas expressões eu já tinha aprendido e outras aprendi aqui nesse mês no Rio”, explicou.
Layla em um boteco em Botafogo — Foto: Reprodução
Infinitas diferenças
Mesmo o português ouvido em casa não a preparou para a enxurrada de gírias próprias do Rio.
“Eu sempre ouvi o sotaque carioca, mas não tão acentuado como aqui. O da minha mãe deu uma atenuada, não tem mais a ginga carioca, mas eu já estava habituada ao sotaque”, contou.
“Mesmo assim, eu tenho dificuldades de entender aqui quando falam muito rápido e fico ‘ai meu Deus, o que estão a falar?’. Só falar mais devagar que tudo funciona”, disse.
“Eu esses dias me deparei com a palavra ‘panturrilha’, não sabia o que era, agora sei que são os músculos gêmeos”, exemplificou.
“Lá em Portugal a gente usa muito ‘giro’ para falar ‘bonito’ ou ‘bacana’; aqui vocês não entendem. Aqui vocês dizem ‘azucrinar’, o que é isto?”, brincou.
“Uma expressão que eu não entendi mesmo é ‘ainda’. Lá a gente usa no sentido literal, nunca seria um ‘bacana’”, prosseguiu.
Layla acha o sotaque do Brasil “muito bonito”. “É muito melódico, parece que estão sempre a cantar, parece que estão sempre felizes, mesmo reclamando. Parece um filme, é como se estivessem em um filme sempre e eu olhando à volta, é sempre muito mágico”, comparou.
“Eu gosto aqui da mobilidade e disponibilidade das pessoas aqui, os brasileiros são muito simpáticos, solícitos. O mesmo povo brasileiro que conquista o meu coração de forma arrebatadora”, elogiou.
E Layla não tem medo de “cair no clichê”. “Eu adoro as caipirinhas e os pastéis. Tenho que ir a Minas comer pão de queijo”, afirmou.
*estagiárias, sob supervisão de Eduardo Pierre
Layla no Cristo — Foto: Reprodução