Delegado responsável pela investigação explica as irregularidades, investigadas pela Polícia Civil
O delegado de Polícia Civil da cidade de Araxá, Conrado Costa Silva, explicou em entrevista ao Grupo Imbiara de Comunicação, como as irregularidades na Secretaria de Agricultura de Araxá que estão sendo investigadas aconteciam. A operação foi denominada Ourímetro fazendo alusão ao Ouro que seria o dinheiro recebido por agentes públicos e ao instrumento que indica a quantidade acumulada de tempo de funcionamento de uma máquina ou veículo, o horímetro.
A Polícia Civil iniciou as investigações em setembro de 2022 após várias denúncias serem feitas à Delegacia Rural que indicava irregularidade da Secretaria de Agricultura de Araxá
“De lá para cá, foram inúmeras diligências ao longo dos meses, conforme as apurações e preliminares a gente identificou a possível participação do Chefe do Executivo (Robson Magela) a partir daí tivemos que pedir a autorização do Tribunal de Justiça em Belo Horizonte para dar andamento nas investigações. Concedido de imediato, desde então a tramitação desse processo é no Tribunal de Justiça. Então é a Delegacia e o Tribunal”, explicou Conrado.
Durante essa investigação cerca de 40 pessoas já foram ouvidas, diversos documentos analisados, constado pela Polícia Civil o desvio de recursos públicos dentro da prefeitura, o delegado explica como acontecia o desvio:
“A Prefeitura tem um contrato de prestação de serviços com o Consórcio Intermunicipal, o Cimpla aqui em Araxá. Onde maquinários de empresas são contratados para prestar serviços para a Prefeitura. Muitas vezes esse maquinário que estava à disposição da Prefeitura, estava recebendo indevidamente por horas superfaturadas. Por exemplo, na prática a máquina trabalhava três horas por dia e no termo, que era encaminhado para o pagamento, constava oito horas por dia”, esclareceu.
“Também foi constatado que o próprio horímetro das máquinas tinha um sistema que identificamos em algumas máquinas apuradas, um horímetro gato. Havia um horímetro verdadeiro e um falso que funcionava com a máquina desligada, funcionava à noite e final de semana. Isso superfaturava obras que estavam sendo pagas com o dinheiro público. Com isso, várias pessoas eram beneficiadas, empresários, assessores e secretários”, pontuou.
“Outra situação que constatamos é que empresários recebiam duas vezes. A máquina estava à disposição a serviço da Prefeitura para prestar um serviço público e que, na verdade, estava prestando serviço para um particular. Então o empresário, dono da máquina, recebia do particular pelo serviço que ele realizou e recebia pela Prefeitura por um trabalho que não participou”, ressaltou o delegado.
“Sobre a participação do prefeito ainda não podemos apontar. As investigações ainda estão em andamento. Após concluir as investigações nós podemos dizer quem participou e quem não participou e envolvimento de cada pessoa”, concluiu Silva.
Na última terça-feira (14), foi pedido o afastamento de três servidores, o secretário e seus assessores. Esse pedido foi autorizado pelo Poder de Justiça.
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