Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de mandar matar Marielle Franco — Foto: Reprodução
No relatório apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a prisão dos suspeitos de mandar matar Marielle Franco, a Polícia Federal cita a existência de um "esquema estrutural de corrupção" na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro para encobrir crimes ligados ao jogo do bicho.
Esse esquema, segundo a PF, era conduzido por Rivaldo Barbosa, que comandou a Delegacia de Homicídios e, na véspera da morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes, quando assumiu o comando de toda a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Segundo a corporação, Barbosa mantinha acordos ilegais com grandes contraventores do Rio de Janeiro para encobrir autoria e motivação de crimes violentos ligados à exploração de jogos ilegais.
"Esses ajustes indicam a razão pela qual homicídios de grande repercussão na Capital Fluminense jamais eram esclarecidos", diz a PF no relatório citado pelo ministro Alexandre de Moraes na decisão em que determinou a prisão de Barbosa e de Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes do crime.
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É nesse contexto, diz a PF, que se insere o ajuste entre Barbosa e os irmãos Brazão para executar e encobrir a morte de Marielle.
Segundo a corporação, a morte da vereadora, foi um crime idealizado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e "meticulosamente planejado" pelo ex-chefe da Polícia Civil, que deu uma "garantia prévia de impunidade" aos dois.
Influência nas eleições
As tratativas entre Brazão e Rivaldo Barbosa são um dos pontos dos quais o ex-PM Ronnie Lessa, suspeito de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson, tratou em sua delação à PF.
A corporação, entretanto, pretende, agora, usar o conhecimento de Lessa – e outras informações obtidas durante a investigação dos assassinatos – para avançar sobre outros pontos da criminalidade do Rio de Janeiro dos quais ele pode ter conhecimento, principalmente milícia e jogo do bicho.
A ideia é fazer isso antes das eleições de 2024, já que a PF se preocupa em “desmilicianizar” o pleito em um momento decisivo da política no país.