Atestado de óbito de idosa que morreu em hospital de SC — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
O Conselho Regional de Medicina (CRM) e a Polícia Civil informaram, nesta quinta-feira (30), que investigam o caso da idosa de 90 anos encontrada viva dentro do necrotério após ter sido declarada morta. O caso aconteceu dentro do Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis.
A situação foi descoberta após o funcionário de um crematório da região, contratado para fazer os procedimentos de despedida da idosa, verificar que ela ainda respirava.
Norma Silveira da Silva foi encontrada dentro de um saco, conforme o relato da família (leia mais abaixo).
Na quarta (3), o Ministério Público (MP) já havia pedido esclarecimentos sobre o caso ao abrir uma notícia de fato (investigação preliminar) para apurar possíveis inadequações na prestação de serviços de saúde por parte da unidade de saúde.
Entenda
A vítima deu entrada na unidade hospitalar na sexta-feira (24) e teve o atestado de morte emitido na noite sábado (25). Um funcionário de um crematório da região, contratado para fazer os procedimentos de despedida da idosa, descobriu a situação ao verificar que ela ainda respirava.
Após ela ter sido achada viva dentro do saco no necrotério, a idosa chegou a ser levada novamente para um quarto, mas morreu na segunda (27).
Dois atestados de óbito foram feitos para a mulher e compartilhados com a reportagem. O primeiro, na noite de sábado, às 23h40, quando a idosa foi levada para o necrotério. Já o segundo, emitido na madrugada de segunda, às 4h50 (imagens no início do texto).
Investigações
Segundo o delegado Manoel Galeno, de São José, um boletim de ocorrências foi registrado na 3ª delegacia da cidade. Agora, a Polícia Civil verifica em qual local e quais serão as circunstâncias da investigação.
Já o CRM de Santa Catarina afirmou que tomou conhecimento da situação na quarta-feira, após a publicação da reportagem. A sindicância irá reunir informações para verificar quem são os responsáveis pelo fato.
Hospital Regional de São José — Foto: SES/Divulgação
Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou que a mulher estava em tratamento paliativo e que foi aberto um processo de sindicância para apurar as responsabilidades. O Comitê de Ética Médica e a Comissão de óbito também foram acionados.
O g1 questionou a pasta sobre a causa da morte e, na tarde de quarta, foi informado que "não fornece o estado de saúde e não comenta informações de pacientes atendidos, internados ou que venham a óbito na rede de assistência estadual".
Atendimento
A idosa deu entrada no hospital na sexta desacordada. Segundo Jéssica Martins Silvi Pereira, que era amiga de Norma e a acompanhou no hospital, conta a mulher tinha um problema no fígado e já havia sido atendida no Hospital Regional em outubro.
Na noite de sábado, por volta das 23h40, segundo Jéssica, os médicos acionaram a família e informaram que ela havia morrido e o corpo tinha sido levado ao necrotério.
A família, então, fez o procedimento para a liberação do corpo e entrou em contato com a empresa para a cremação, que foi até a unidade de saúde iniciar o processo de despedida por volta da 1h30 de sábado. Nesse momento, o funcionário teria percebido que a mulher estava viva:
"Quando ele abriu o saco, ela estava respirando bem fraquinho. E, como ela não estava mais consciente, não conseguia pedir ajuda, ela tentava respirar e não conseguiu. Quer dizer que das 23h40 até 1h30 da manhã ela ficou dentro do saco quase morrendo asfixiada", relatou Jéssica.