A Polícia Federal (PF) iniciou nesta sexta-feira (20) uma nova operação contra a corrupção na Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os alvos, desta vez, são três agentes e um delegado que, segundo as investigações, desviaram parte de uma apreensão de cocaína em dezembro de 2020, quando serviam na 25ª DP (Engenho de Dentro).
O g1 apurou que Renato dos Santos Mariano, que foi titular daquela distrital, é um dos suspeitos. A 5ª Vara Federal Criminal do Rio determinou que os 4 sejam afastados das funções e passem a usar tornozeleira eletrônica.
Em nota, a Polícia Civil informou que foram abertos procedimentos internos disciplinares para apurar o caso (leia mais ao final da reportagem).
Nesta quinta (19), em outra ação da PF, 4 policiais foram presos porque receberam propina para liberar um caminhão com maconha. À época, eles estavam na Delegacia de Repressão a Furtos de Cargas (DRFC).
Tabletes de cocaína apresentados pela 25ª DP em dezembro de 2020 eram menos da metade do montante de fato apreendido, segundo a PF — Foto: Divulgação/arquivo
Operação Déjà Vu
Nesta sexta, cerca de 50 policiais federais foram cumprir, como parte da Operação Déjà Vu, 8 mandados de busca e apreensão na capital e em Araruama, na Região dos Lagos.
No Rio de Janeiro, entre os endereços estão a 33ª DP (Realengo), onde os 4 alvos estavam alocados atualmente, e uma mansão em Vargem Grande, ambas na Zona Oeste.
Há ainda o sequestro de R$ 5 milhões em bens dos investigados. Na casa de Vargem Grande, agentes apreenderam cerca de R$ 70 mil em espécie, entre reais e dólares.
O g1 não conseguiu contato com a defesa dos investigados.
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Cocaína ia para o porto
A investigação é um desdobramento da Operação Turfe, que a PF deflagrou em fevereiro do ano passado, contra o tráfico internacional de drogas.
Em dezembro de 2020, policiais federais monitoravam uma carga de 500 kg de cocaína que seria exportada em contêineres a partir do Porto do Rio.
Ainda de acordo com a PF, os policiais civis relataram terem retido 7 malas contendo aproximadamente 220 kg de cocaína — outras 10 malas com 280 kg do entorpecente teriam sido desviadas.
O nome da operação, Déjà Vu, é a sensação de já ter visto ou vivido uma situação que está acontecendo no presente. A expressão francesa significa “já visto”.
Delegado suspeito comentou apreensão na época
Renato dos Santos Mariano, ex-delegado da 25ª DP que é um dos alvos da operação desta sexta, comentou a apreensão de cocaína da equipe na época, em dezembro de 2020.
"A investigação está em andamento. Essa apreensão é só uma parte dela. Uma das linhas, essa possibilidade de a droga ir para o Porto, não está descartada", afirmou.
Grande parte da droga, de acordo com investigadores, estava escondida em "big bags", nome dado a sacos utilizados para enviar minério de silício para a Europa.